Gabriel Boschilia despontou no São Paulo, brilhou na Europa, mas lesões frearam seu sucesso. Agora, busca redenção nos gramados da Série B do Brasileirão.

Há trajetórias no futebol que se constroem à base de altos e baixos, reviravoltas e silêncios que falam mais do que gritos de torcida. Gabriel Boschilia é um desses casos. Revelado pelo São Paulo como uma joia das categorias de base, o meia viveu o peso da expectativa desde cedo. A camisa tricolor, no entanto, foi apenas o início de uma jornada que o levaria para os campos da Europa, passando pelo Monaco, Standard Liège e Nantes. Um caminho que parecia pavimentado para o estrelato, mas que foi interrompido por lesões e dificuldades em se firmar.

De volta ao Brasil em 2020, Boschilia vestiu a camisa do Internacional. Entre lampejos de bom futebol e períodos no departamento médico, seu brilho parecia ofuscado, perdido em meio às incertezas de uma carreira que ainda buscava um ponto de virada.

A virada no Fantasma

Quando o Operário anunciou a contratação de Boschilia em agosto de 2024, muitos olharam com desconfiança. Um clube tradicional, mas distante dos holofotes da Série A, parecia um destino improvável para um jogador que já havia sentido o sabor dos grandes palcos europeus. Mas foi em Ponta Grossa, longe da pressão das capitais, que o meia reencontrou o caminho.

A camisa 10, símbolo máximo de responsabilidade e criatividade, foi entregue a Boschilia para a temporada de 2025. E ele não decepcionou. Em 13 dos últimos 14 jogos da Série B, foi titular absoluto. Marcou quatro gols em 15 partidas, números que não alcançava desde os tempos de Internacional. A confiança voltou, os passes voltaram a sair com a precisão que encantou os são-paulinos anos atrás, e o Operário ganhou um líder silencioso em campo. a

A maturidade da nova fase

O que mais impressiona no novo capítulo da carreira de Boschilia não são apenas os números, mas a maturidade com que conduz seu futebol. No Operário, o meia parece ter encontrado um ambiente propício para crescer sem pressa, para liderar sem as amarras da pressão que o cercou em clubes maiores. Em dezembro de 2024, a renovação de contrato até novembro de 2026 selou o compromisso mútuo entre jogador e clube.

Boschilia, que agora veste a 10 com a autoridade de quem sabe o que é perder e se reerguer, tornou-se peça-chave no esquema do técnico do Fantasma. Suas atuações, muitas vezes discretas para quem olha apenas os gols, são o motor de um meio-campo que tem funcionado com precisão cirúrgica.

Redenção sob os refletores da Série B

A Série B pode não ter o glamour dos estádios europeus ou a pressão de um Morumbi lotado, mas tem espaço para recomeços. Boschilia é prova disso. Aos 29 anos, ele não apenas voltou a jogar bem; reencontrou seu futebol com a serenidade de quem entendeu o que é cair e se levantar. O Operário, por sua vez, colhe os frutos de uma aposta certeira. Em Ponta Grossa, o meia não é apenas mais um.

É líder, é cérebro, é símbolo de um renascimento que poucos imaginavam possível, mas que hoje é realidade. Boschilia e Operário: uma história que talvez não estivesse escrita, mas que agora é contada a cada toque na bola, a cada assistência precisa e a cada gol que faz o torcedor acreditar. O Fantasma de Ponta Grossa ganhou um maestro, e Boschilia, finalmente, reencontrou seu caminho.