Antes de se tornar um dos maiores laterais da história do futebol, Marcos Evangelista de Morais, o Cafu, precisou superar muitos desafios. Sua trajetória começou nas categorias de base do Nacional-SP e da Portuguesa, até ser aprovado no São Paulo em 1989, após passar por nove "peneiras" sem sucesso. 

O início de carreira de Cafu

No Tricolor Paulista, Cafu iniciou sua carreira como atacante, quase um ponta-direita. A mudança para a lateral aconteceu posteriormente, mas seu talento ofensivo já era evidente. Em 1992, teve uma atuação memorável na primeira final do Campeonato Paulista contra o Palmeiras, marcando um gol e dando três assistências na vitória por 4 a 2. No mesmo ano, ajudou o São Paulo a conquistar o Mundial Interclubes ao derrotar o Barcelona de Johan Cruijff. 

Em 1994, Cafu foi eleito pelo jornal uruguaio El País como o melhor jogador da América, consolidando-se como um dos grandes nomes do futebol sul-americano. 

A Passagem Pelo Zaragoza e o Retorno ao Brasil

No ano seguinte, Cafu seguiu para a Europa, onde assinou contrato com o Zaragoza, da Espanha. Apesar de conquistar a Recopa Europeia de 1995, sua passagem pelo clube espanhol foi breve. Lesões e dificuldades de adaptação impediram o lateral de ter uma sequência consistente na equipe espanhola. 

Foi então que surgiu a oportunidade de retornar ao Brasil. O Palmeiras, patrocinado pela Parmalat, manifestou interesse em contar com Cafu. No entanto, uma cláusula contratual imposta pelo São Paulo impedia que o jogador atuasse por outro time paulista assim que voltasse ao Brasil. Para contornar essa situação, a Parmalat encontrou uma solução criativa: emprestá-lo ao Juventude, equipe também patrocinada pela empresa. 

A Curta Passagem Pelo Juventude

Em maio de 1995, Cafu desembarcou em Caxias do Sul, onde vestiu a camisa do Juventude por pouco mais de um mês, disputando dois jogos. Essa passagem foi fundamental para regularizar sua situação contratual e possibilitar sua transferência ao Palmeiras sem a aplicação da multa de US$ 3,6 milhões ao São Paulo. Mesmo assim, o Tricolor acionou a FIFA, conseguindo um ressarcimento parcial de US$ 1 milhão. 

Embora tenha sido breve, Cafu sempre destacou o carinho que recebeu em Caxias do Sul e a hospitalidade da cidade, mencionando até mesmo as experiências gastronômicas, como a tradicional polenta com javali. 

A Chegada ao Palmeiras e a Estreia na Libertadores

Finalmente, em junho de 1995, Cafu foi anunciado como reforço do Palmeiras. Sua estreia pelo clube não poderia ser mais desafiadora: um confronto contra o Grêmio, pela Libertadores. O jogo de ida, realizado em Porto Alegre, foi um verdadeiro pesadelo para o Verdão. O time gaúcho dominou a partida e venceu por 5 a 0. 

Apesar do resultado desastroso, Cafu não se deixou abater. Ele acreditava que, se o Grêmio conseguiu marcar cinco gols, o Palmeiras também poderia devolver a goleada. No jogo de volta, no Parque Antártica, o Verdão partiu para cima e protagonizou uma reação histórica. O Palmeiras devolveu o placar de 5 a 1, com Cafu marcando um dos gols. Apesar da eliminação, a entrega do time e a atuação do lateral impressionaram torcedores e dirigentes. 

O Esquadrão de 1996 e o Paulista Avassalador

Na temporada seguinte, Cafu fez parte de um dos times mais ofensivos da história do Palmeiras. Sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, o Verdão teve uma campanha memorável no Campeonato Paulista de 1996, marcando impressionantes 102 gols na competição. 

A equipe contava com craques como Djalminha, Rivaldo, Luizão e Muller, e atropelava adversários com placares elásticos. A única derrota no torneio aconteceu contra o Guarani, por 1 a 0, em um jogo no qual Luxemburgo tentou poupar alguns jogadores. Cafu foi um dos protagonistas dessa campanha histórica e consolidou-se como um dos melhores laterais do futebol brasileiro. 

A Transferência para a Roma e o Sucesso na Europa

Em 1997, Cafu deixou o Palmeiras para assinar contrato com a Roma. Na equipe italiana, ganhou o apelido de “Il Pendolino” (O Trem Expresso) devido à sua velocidade e capacidade incansável de apoiar o ataque. Foi campeão italiano em 2000-01 e seguiu carreira na Serie A, transferindo-se para o Milan em 2003. 

No Milan, Cafu seguiu colecionando títulos, incluindo o Campeonato Italiano de 2003-04 e a Liga dos Campeões da UEFA de 2006-07. Ele se despediu do futebol profissional em 2008, encerrando uma carreira lendária. 

A Brilhante Passagem de Cafu pelo Palmeiras

A chegada de Cafu ao Palmeiras foi marcada por uma transferência polêmica, um período curto no Juventude e uma estreia inesquecível na Libertadores. Durante sua passagem pelo Verdão, ele ajudou a construir uma das equipes mais ofensivas da história do futebol brasileiro e solidificou sua carreira antes de brilhar no futebol europeu. 

Mais do que um lateral, Cafu foi um atleta incansável, determinado e dono de uma mentalidade vencedora. Sua história no Palmeiras representa um dos capítulos mais importantes de sua trajetória rumo à consagração mundial.